Júlia, 24 de setembro de 2018

JULIA BELARDINELLI ACHUTTI 
JULIA Pretendo colocar aqui o registro de nossos encontros - Visitas Adoráveis de nossa única e linda neta Júlia, formando-se em Design. Não sei se continuar com este formato, mas por enquanto serve para prolongar meu deleite do encontro e voltar a ele sempre que me der vontade. Já tivemos um na semana passada cujo registro ainda não fiz mas que pretendo retomar. Somente tentei um esboço usando o programa The Brain sobre o qual conversamos. Vou colocar em vermelho e itálico o que for acrescentado depois do texto original. Este Blog somente tinha duas postagens, a anterior, celebrando a entrada em 2007 ano no qual AMICOR completaria 10 anos, e criado a partir do Seminário de 10 dias em Gramado, iniciado no dia seguinte ao nascimento de nossa neta - tanto é que no jantar de abertura tive o prazer de dar ao grupo notícia do nascimento de nossa primeira neta.

Querida neta Julia,
Obrigado pela tua visita. Só a tua presença já me dá animo para mexer nas memórias e, como viste coisas acumuladas que estão estagnadas e se estragando, além de perdermos de aproveitar de reviver a memória. Afinal, já foi dito: o futuro ainda não existe, o presente é algo passageiro e do que pouco conseguimos perceber. O passado não existe mais a não ser na memória e naquilo que a reascende e que podemos parar para contemplar e reviver... (Conversa de velho...)
Com ela no Mt. St. Michel
Hoje não lembro bem por onde começamos. 
Lembrei-me agora: havias me perguntado se eu conseguia me lembrar de onde eu estava e o que estava fazendo quando ouvi a notícia do "onze de setembro". Disse-te que estava dirigindo a caminhonete, vindo do sítio, lá no fim da Avenida Bento Gonçalves e não tinha certeza, mas parece que Valderês estava comigo e não lembro quem mais. O assunto se dirigiu para o fenômeno do registro como memória de longa duração quando havia um clima traumático ou de excitação. Eu havia lido algo relacionado na semana passada, mas não achei o artigo. Esqueci de perguntar para ela se havia lido algo sobre isso para fazer a pergunta.
Lembrei-me da oxitocina que parece ser o mediador químico capaz de desencadear este processo. De início não lembrava do nome e procuraste na internet, chegando juntos à designação. É o mediador relacionado com a empatia e que até um sorriso é capaz de liberá-lo. Parece que é um mediador que sobe de nível durante o orgasmo e outras situações que mexem com nossas emoções. Então, uma emoção fixando algo da esfera cognitiva transformando a memória em permanente, não necessitando da repetição que é o mecanismo mais comum da fixação.
Lembrei também da notícia da morte do J.F, Kennedy (eu estava trabalhando na Secretaria de Educação - perto do cais do Porto e Valderês foi me buscar de carro e me contou da notícia). Lembrei da notícia da morte do Getúlio Vargas - eu estava gripado, com febre no 24 de agosto e Valderês foi me visitar na Casa da JUC onde eu morava, na 24 de outubro 575.
Prece que foi a propósito daquele balanço de ferro que compramos de um primo da Valderês - Adrene Rodrigues - que morava no Rio e quando voltou para Porto Alegre, não tinha lugar no apartamento dele para colocar. 
Nos três no tal balanço
Ele e a esposa  já faleceram mas um filho com espectro de autismo, formado em engenharia, entrou na história. Depois lembrei-me do filho (adotado na infância) de um cliente, depois diagnosticado como com síndrome de Asperger e que sabe de tudo sobre cinema. Já formado também em curso superior. Falamos nos filmes super-oito que eu tinha vontade de digitalizar para retornar a algumas cenas que foram registradas porque foram de momentos marcantes de nossas vidas. Perguntaste pelo projetor, subimos até o armário onde estavam coisas guardadas de teu pai, no quarto que foi dele e hoje é meu.
Descobriste uma caixa cheia de caixas vazias de CD e alguns CDs históricos...
Ligamos o projetor que ascendeu mas não rodou porque provavelmente a correia do aparelho deve ter se desmanchado, mas já fizeste contato com uma empresa capaz de consertar. Levaste um dos carreteis para ver se outra empresa é capaz de digitalizar o conteúdo.
Nesse caminho redescobrimos uma caixa com todas as cartas que Valderês me escreveu no ano de 1953, o único em que ficamos longe, ela em Santa Maria terminando o científico e eu em POA. Temos outro tanto de cartas que eu escrevia para ela. É um diário daquele ano que vou tentar organizar e quem sabe ressuscitar. Vimos duas máquinas de filmar, inclusive uma que o fazia em cassete tamanho médio. Acho que também algo poderá ser recuperado. Alguns filmes já passei para CD, mas acho que tem mais por fazer.
Depois mexemos um pouco em álbuns de fotografia que estão aqui em baixo da lareira procurando CDs já copiados mas não consegui fazer passar na TV.
Estou com vontade de retirar aqueles livros que estãop na bancada e que só estão servindo para enfeite e organizar em cima os álbuns de fotografias que poderão ser aos poucos, na medida em que forem sendo compulsados, serem organizados. Com tua ajuda e entusiasmo tenho ânimo para retomar a organização da memória a partir de todos estes marcos de registro.
Te enviei por Whats-up uma foto que tiramos lá no Mount St. Michel tu estavas dormindo num carrinho e eu com uma das boinas que descobrimos hoje de tarde.
Também muitos slides e fotos em negativo que vou ver se consigo comprar aquele aparelho que digitaliza os filmes.
Mais uma vez muito obrigado. Me dá muito prazer retomar essas coisas e isso pode também dar prazer para toda a família.
Beijo do vô
Trepadeira Lágrima de Cristo do jardim da frente anunciando Primavera

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